Transtorno Obssessivo – Compulsivo (TOC)

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) abrange sintomas que incluem percepções, cognições (obsessões), emoções, dificuldades nos relacionamentos sociais e diversos comportamentos motores (compulsões).

As obsessões são caracterizadas por idéias, pensamentos, impulsos ou imagens inadequadas que causam acentuada ansiedade e/ou sofrimento. Já as compulsões, são comportamentos repetitivos ou atos mentais cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade e/ou sofrimento (ao invés de oferecer prazer ou gratificação, como no caso dos comportamentos impulsivos). As compulsões geralmente são excessivas ou não têm qualquer conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar. Os conteúdos das obsessões podem variar, mas são comuns as obsessões de contaminação e de dúvidas, a necessidade de organização, os impulsos agressivos e as imagens sexuais. Em termos de compulsões, são comuns as relacionadas a limpeza, higiene exagerada, verificação, contagem e simetria, dentre outras.

Alguns exemplos de ações, popularmente consideradas “manias” e que, na verdade, são sintomas do TOC são: preocupar-se excessivamente com limpeza, lavar as mãos a todo o momento, evitar o contato com objetos considerados contaminados, como por exemplo, trincos de portas, roupas, corrimãos de escadas ou de ônibus, assentos de banheiros públicos, revisar diversas vezes portas, janelas ou gás antes de sair ou de se deitar, não usar roupas vermelha ou preta ou marrom, não passar em certos lugares com receio de que algo ruim possa acontecer depois desta ação, não sair de casa em determinadas datas, ficar aflito caso os objetos sobre sua escrivaninha ou gaveta não estejam dispostos de uma determinada maneira, realizar contagens, repetir números ou palavras mentalmente, repetir atos, toques ou gestos. Alguns pacientes são também extremamente lentos, geralmente em função de contínuas dúvidas antes de tomar decisões ou das compulsões mentais.

Na maioria das vezes, a pessoa apresenta diversos tipos de sintomas simultaneamente. Geralmente as pessoas acometidas por este transtorno, escondem estes comportamentos e idéias de familiares e amigos, por vergonha ou por terem noção clara de seu absurdo, apesar de não conseguirem controlá-los. Embora não se consiga ainda esclarecer suas verdadeiras causas, a ciência tem conseguido esclarecer vários fatos em relação à doença. Provavelmente, vários fatores colaboram para o seu aparecimento, tornando-se cada vez mais evidente a conexão do TOC com fatores de natureza biológica, envolvendo aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções cerebrais. Além destes fatores, considera-se também fatores psicológicos, como por exemplo, estressores, e até socio culturais como o tipo de educação recebida.

Como existem outros Transtornos relacionados ao TOC, cujos sintomas lembram compulsões e/ou obsessões, é importante fazer o Diagnóstico Diferencial, pois, em geral, o tratamento indicado é diferente para cada um.

A prevalência na população geral é em torno de 0,3 e 3,1%. No Brasil, é provável que existam entre 3 e 4 milhões de portadores. Grande parte dessas pessoas, no entanto, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca serão diagnosticadas e tampouco tratadas.

Muitos pacientes com TOC só reconhecem sua condição após ler ou ouvir na mídia algo sobre a doença. Estudos demonstram que leva, em média, mais de oito anos desde o aparecimento dos sintomas do TOC até ele ser diagnosticado por algum profissional, e mesmo depois do diagnóstico nem todos recorrem ao tratamento, devido a vários fatores.

Apesar de existirem terapêuticas eficazes para o tratamento do TOC, estima-se que aproximadamente 40 a 60% dos pacientes com TOC não atinjam alívio satisfatório dos sintomas mesmo seguindo o tratamento adequado. O alívio do sofrimento destes pacientes com os tratamentos existentes representa um desafio para o profissional clínico.

As causas da ineficácia de um tratamento podem estar relacionadas ao fato de a etiologia do TOC ser multifatorial. Assim, um tratamento pode ser eficaz para o TOC relacionado a um fator etiológico específico, mas não para aquele secundário a uma outra etiologia.

Provavelmente, as causas mais comuns de ausência de resposta positiva aos tratamentos não são a ineficácia da medicação ou do método psicoterápico. Entre as possíveis causas estão: o uso de medicações que não as de primeira escolha para o tratamento do TOC; o emprego de doses insuficientes; ou o uso da medicação por tempo insuficiente. Alguns pacientes interrompem seu tratamento prematuramente, ou por acreditarem que não precisam mais, por acharem que já melhoraram e podem seguir sozinhos, por preconceito, dentre outros motivos.

No caso das estratégias psicoterápicas, a prática do terapeuta e a motivação do paciente em participar do tratamento podem ser decisivos na resposta positiva a este tratamento. Como o diagnóstico é clínico, é muito importante o relato dos sintomas vivenciados pelo paciente e se possível da família da forma o mais fidedigna possível.

E, não é necessário ter todos os sintomas mencionados anteriormente para se confirmar o diagnóstico de TOC.

Em caso de reprodução favor mencionar autor e fonte.

Profa. Dra. Nazareth Ribeiro
Psicoterapeuta Psicossomaticista Especialista em Clínica e Educação.
Doutorado em ESC Rennes (França).
Mentoring de Carreira
Professora dos MBAs da FGV.

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