Psicoterapia Existencial – Um processo para novas escolhas
Para a Psicoterapia Existencial o homem é um ser livre, capaz de fazer suas próprias escolhas e construir sua própria vida, sua própria história. O indivíduo é livre para escolher e é responsável por estas escolhas, pelas consequências, por sua existência. Responsável por sua condição de ser no mundo.
Pensando assim, o Psicoterapeuta Existencial acredita que seu cliente é capaz de fazer escolhas diferentes das que usualmente faz e com isto administrar mudanças em sua vida. No entanto, para isto ele terá que escolher escolher, escolher sair da zona de conforto, sair do mundo das idéias e por em prática seus projetos, arriscar-se, e o Psicoterapeuta ajuda-o neste processo. É uma relação terapeutica onde responsabilidade compartilhada, de interação empática e constante.
Esta visão de homem, básica para a Psicologia Existencial, tem suas origens nas correntes Filosóficas Fenomenológico-Existenciais de: Kierkegaard, Nietzche, Husserl, Heidegger, Sartre e Merlou-Ponty. Estes filósofos, discutindo temas como, liberdade, consciência, conhecimento, significado, responsabilidade, solidão e angústia, estabeleceram o pano de fundo que permitiu aos psicólogos buscarem formas de atuação psicoterápica tendo o homem como centro, em seus aspectos essenciais e existenciais, buscando condições para o auto-conhecimento, amadurecimento, desenvolvimento e mudança.
Binswanger, Van den Berg, Rollo May, Boss, Frankl e Rogers, constituem a assim chamada ‘3ª Força em Psicologia’, distinguindo-se da Psicanálise e da Psicologia Comportamental. Nem todos estes autores pensam e agem da mesma forma e, na verdade, podem ser reunidos em subgrupos, considerados ‘humanistas’, ‘fenomenológicos’, existenciais’, etc., mas refletem em seu trabalho a influência dos filósofos citados.
Dizer que o homem é livre para escolher não significa que suas possibilidades de escolha são ilimitadas. O campo existencial do indivíduo marca limites: a cultura em que vive, suas condições biopsicossociais, história familiar, responsabilidade, respeito ao outro e ao seu ambiente (definem suas possibilidades de escolhas).
Rollo May (1954), em seu livro “Existência” foi quem primeiro sistematizou as idéias dos fenomenólogos, tais como Binswanger, Medard Boss e outros, bem como explicitou a proposta da Psicologia Existencial como um enfoque capaz de lançar luz sobre uma maior compreensão sobre a Existência Humana. A Psicologia Existencial, Fenomenológico-Existencial, constitui-se numa proposta de refletir e propor possibilidades às questões da vida cotidiana. Tem como pretensão não só a reflexão, como também extrair daí uma Práxis Terapêutica integrada, e porque não, com objetivo de mudança, melhor qualidade de vida e felicidade do cliente.
As contribuições da Fenomenologia de Edmund Husserl e da filosofia da existência, onde se incluem autores como, Sören Kierkegaard, Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty, Jean-PaulSarter, influenciaram decisivamente a cultura contemporânea, as ciências sociais e humanas, e em particular, a Psicologia e a Psicoterapia.
Na Psicoterapia, em especial, influenciaram algumas abordagens como a Daseinsanálise, a Escola Humanista-Existencial Norte-Americana, a Psicoterapia Existencial desenvolvida por Ronald Laing e, mais recentemente, a Escola Britânica de Análise Existencial.
Este corpo teórico e de investigação vem sendo desenvolvido a nível internacional, desde o início do século XX, pela Psicologia Fenomenológica, criando assim um espaço epistemológico fundamental entre Filosofia, Psicologia e Psicoterapia.
A Abordagem Existencial permite ao Psicoterapeuta utilizar técnicas de outras abordagens em sua prática clínica, o que deve ser feito atendendo à demanda de cada cliente, fazendo um atendimento holístico, psicossomático, respeitando o cliente como ser único que é. Para desenvolver este trabalho é preciso que o Terapeuta tenha uma postura flexível, criativa, participativa e de muita dedicação, com muito estudo, muita pesquisa e sobretudo que tenha uma formação geral e especializada, para que este processo seja feito com muita responsabilidade, embasado em teoria, muita prática e sensibilidade.
Um olhar do ser humano como um ser capaz de construir-se a cada dia, faz acreditar que a mudança é possível, que o investimento pessoal, a ambição e o projeto de vida pode ser planejado durante o processo terapêutico, e que o cliente pode ir além, pode desconstruir traumas antigos e sentir-se capaz de refazer sua história. Que nunca é tarde para traçar objetivos, dentro de sua realidade, e realmente executá-los.
O homem constrói sua essência através de sua existência, sendo assim, a conscientização de sua problemática e a experiência do cliente facilitam a dinâmica para a mudança.
O foco no aqui-agora colabora com o processo de tomada de consciência e iniciativa a mudança, sem desvalorizar muito menos negar o passado, simplesmente sem a proposta de ficar parado nele, responsabilizando os outros pelas angústias de sua vida. O cliente é responsável por suas vivências e escolhas e decide administrar suas mudanças e correr riscos, consequentemente encontrar sua autenticidade.
A postura do terapeuta existencial é interativa, reflexiva, questionativa e não apenas interpretativa, não assume um lugar de “suposto saber”, ele também corre riscos, participa ativamente do processo, interage ativamente, portanto a responsabilidade do resultado é compartilhada por ambos, terapeuta e cliente. A confiança que o cliente tem no terapeuta facilita on investimento em seu processo terapeutico.
O olho no olho é constante durante as sessões, por isto é condição que o cliente sinta uma empatia e uma confiança impar pelo terapeuta e que este terapeuta esteja atento a todos os sinais que seu cliente lhe transmite, que não fique preso apenas à comunicação verbal, mas para todos os sinais que o cliente possa transmitir.
Através da palavra, do corpo, das emoções, a Psicoterapia viabiliza a possibilidade de transformação emocional, de mudança de hábtos e comportamentos, mudança de padrões pré-estabelecidos, crenças e valores, e até de sintomas, que refletem diretamente no comportamento do cliente.
O profissional que escolhe trabalhar com a abordagem Existencial precisa ter uma postura de vida também existencial, para que a coerência seja mais um de seus instrumentos de trabalho e que a felicidade da conquista de seu cliente seja por ele compartilhada.
Em caso de reprodução favor mencionar autor e fonte.
Profa. Dra. Nazareth Ribeiro
Psicoterapeuta Existencial, Psicossomaticista, Especialista em Clínica e Educação (Título conferido pelo CFP).
Gestão de Carreira.
Mentoria para portadores de TDAH.
Professora dos MBAs da FGV.
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Muito interessante e coerente. Gostaria de ler um artigo aprofundando o tema, mas especificamente ao que se refere às grandes angústias humanas do ponto de vista do existencialismo: 1. A inevitabilidade da morte; 2. O medo da liberdade; 3. A solidão basal a qual todos estamos condenados; e 4. A falta de um sentido claro para a vida e para a existência humana.
Parabéns pelo artigo.
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Achei muito interessante a sua postura sobre a vida do terapeuta. Realmente, é isso que é importante, pois quem somos nós que atuamos de determinada maneira?
“O profissional que escolhe trabalhar com a abordagem Existencial precisa ter uma postura de vida também existencial, para que a coerência seja mais um de seus instrumentos de trabalho e que a felicidade da conquista de seu cliente seja por ele compartilhada.”
Artigo muito esclarecedor, um convite “implicito” para um aprofundamento da abordagem. A autora usou da habilidade acadêmica para cativar o leitor.
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O artigo lido é muito interessante pois demostra a importância do profissional na vida do cliente, e que também se o cliente não tiver força de vontade ele não vai alcaçar seus objetivos maiores.Foi ótimo para minha pesquisa.